Sobre vivências atravessadas pelo vírus

Ou não contando.

São muitas as dores, as histórias, as incertezas, as rotinas, as formas de existir e resistir nessa terra. A lista de inumeráveis narra a morte que termina a vida, uma vida que tem sido menos viva, gosto na boca de fel banalizado. Vidas marcadas não só pelo vírus, elas já carregavam cicatrizes muito antes dos jornais anunciarem pandemia. Já desde muito antes quarentenados, privados do direito de ser.

Cem mil e contando. Ou não contando.
Tenho medo de deixar esquecer.

Discutiremos sobre as experiências da população negra, dos povos indígenas, das mulheres, dos trabalhadores informais, sobre as reverberações na educação, a necropolítica alimentada pelo capital, os significados do luto em um cenário como esse e o que a Psicologia em diálogo com os outros campos e com as vivências da realidade viva tem a dizer.

Para nós, o CONVEP tem sido símbolo de coletividade, resistência, diálogo e fazer político. Continuar essa jornada neste ano não tem sido fácil, o estranhamento da falta dos abraços e o soco no estômago a cada noticiário parecem formar nuvens tempestuosas difíceis de enfrentar. Mas sabemos que não estamos sozinhos nessa tempestade, que há muitas histórias para narrarmos e muitas lutas para travarmos.